Era uma velha
muito velha
sentada num banco no jardim
sentada e velha como o tempo
a velha dizia assim:
"Venham a chuva venha o vento
seja tempo, não haja assento
que me sento e olho o tempo
sem o tempo me dar tempo
de me sentar no assento."
E a velha sorria
sem dentes
mas sorrindo
como se do seu sorriso
lhe valesse mais um sonho.
É a velhice da vida
de todos os que esperam
alguma coisa.
O tempo passa,
não assenta
e o vento,
o vento sopra,
tal como nas árvores
do jardim da vida.